"O silêncio às vezes é como um balsamo sobre um ferimento recém adquirido, mas, em outras situações, torna-se tão sufocante ao ponto de nos fazer perder o rumo.
Meus silêncios normalmente são deveras interessantes e esclarecedores, ao passo que a quietude me permite um diálogo profundo com minhas confusões e rearranjos internos. Porém, a calmaria silenciosa aqui dentro, tem me trazido certo desconforto.
É que tudo o que penso, emite melodia própria, um sonido miúdo que seja e, ainda que pequeno, ele reverbera pela atmosfera de meu íntimo. Quanto mais pensamentos, mais sons e, ao final do dia, a caótica sinfonia que se forma aqui dentro ensurdece meu raciocínio. Eu só quero que a música pare, e quando ela gentilmente me atende, é aí que todo o caos parece desenrolar-se numa tórrida torrente incompreensível.
Pelo menos, enquanto a música toca - permitindo sutis mudanças de de andamento ou propondo radicais transformações de dinâmica - há algo que se distingua, no entanto, quando a melodia acaba, quando a última nota soa e o vácuo permeia os confins de minha mente, não sei dizer, parece que tudo para de fazer sentido.
É, eu sei. A estranheza é um traço comum quando dialogo sobre isso.
Concordo que seja confuso e difícil de entender... Mas de fato, é assim. Às vezes, amo minha música interior, mas às vezes prefiro seu silêncio; outras vezes, daria tudo para que a música tivesse mais um ou dois movimentos, apenas para que o remanso não existisse.
Ainda sim, sei que o equilíbrio entre o som e o silêncio é necessário para que o curso da vida siga pleno... Mesmo que, em certas ocasiões, isso nos cause um rebuliço desagradável.
Mas sabe como é, é tudo sobre se conhecer, se entender e se apreciar."
Y. de Carvalho.
08/12/2018, 21:15hs.
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