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Simplesmente.... - Y. Oak.

~ O piano toca uma música lenta, suave e doce. Meus pensamentos giram em torno de tanta coisa... E no final, tudo leva à você. ~


E cá estou eu.
Aqui, de novo.
No mesmo lugar que estava há um ano atrás.
Nossa, nem parece que o tempo passou...
Tanto tempo e tão rápido.
O tempo parece voar quando a gente ama.
Isso é incrível!
Estou nervosa, mãos soadas, coração acelerado, respiração arfante, o peito palpitando.
Tento conter meus impulsos de sair correndo, assim como fiz no tempo de outrora.
Respiro fundo como me lembrava de já ter feito antes, afim de encontrar o equilíbrio.
E tudo parece bem até ouvir passos vindos do fundo.
Nesse momento eu já sabia: ele chegara!
E lá está você, exatamente do mesmo jeito que estava há um ano atrás. 
Caminhou com graça e imponência, nem parecia tímido ou temeroso, estava seguro e confiante, como sempre.
Ah, como eu admirava essa autoconfiança, até te conhecer o suficiente para saber que era apenas uma máscara para encobrir sua aura frágil e quebradiça.
Reverenciou a plateia e logo sentou-se ao pianoforte.
Os dedos longos e finos tocaram as marmóreas teclas do instrumento, que curvavam-se e tremiam ao seu bel prazer.
Pôs-se a tocar.
Ah, e como tocou!
Tocou peças agitadas, peças suaves, peças alegres, peças tristes.
Tocou Andantes, Sonatas, Allegros, Sonatinas, Sinfonias.
Tocou magnificamente...
E, apos encantar-nos com sua habilidade, graça e beleza, finalizou seu recital. 
Com um pequeno agradecimento sorriu para o público, pela primeira vez.
Ainda me lembro da primeira vez que te vi sorrindo.
Um sorriso pequeno, rápido e fugitivo, que logo sumiu e deu lugar a seriedade forçada pela timidez que agora eu sei, sempre fora seu maior defeito aos seus olhos... Aos meus, seu maior charme.
Os aplausos cresciam mais e mais e preenchiam a pequena sala de Concertos.
Outra revência em agradecimento à todos.
Gritinhos histéricos vinham de todos os lados.
'Lindo', 'Gato', 'Perfeito', 'Maravilhoso'.
Uau, garotas ousadas essas.
Ousadas demais pro meu gosto.
Uma delas, a que estava sentada ao meu lado, suspirou e deixou escapar um sôfrego 'Ele é tão incrível! Ah, quisera eu, pudera eu tê-lo ao meu lado!'.
Ri baixinho dessa afirmação.
Eu havia pensado o mesmo, dito o mesmo, rogado em silêncio exatamente por isso há um ano atrás quando meu olhar pousou sobre o seu, pela primeira vez.
Mal sabia eu que, mesmo que eu quisesse, meu olhar nunca mais largaria do seu.
'Esse é o meu amor!' penso sorrindo.
Os aplausos ainda perduraram por alguns minutos, tempo suficiente para que ele me lançasse um olhar terno, juntamente com aquele meio sorriso que sabe que amo.
Bobo, sempre me fazendo suspirar...
Agradece uma última vez e encaminha-se para a escada ao lado do palco, cumprimentando antes o outro a se apresentar.
Desce os degraus, um por um, prudente e contido em sua postura austera.
Passa pelo estreito corredor e vem em minha direção.
Ainda me recordo do meu coração martelando no peito quando o vi fazendo isso, da primeira vez..
E ainda me lembro da decepção de vê-lo desviando do caminho para sentar-se na fileira ao lado da minha.
Tola.
Achou que ele fosse prestar atenção em você.
Tão normal e sem sal.

Afasto as lembranças quando reavivo os olhos e vejo-o, se aproximando mais e mais de mim.
Mas, dessa vez, ele não desvia o caminho.
Ele segue em frente!
A cada passo, mais próximo.
Até que...
Para.
Na minha frente. 
Exatamente ao alcance das minhas orações.
Curva-se e senta-se ao meu lado.
Ao meu lado!
Me olha com doçura, o mel escorre dos olhos, dos lábios, dos poros.
Toma minha mão para si.
Inclina-se.
Beija meus lábios com ternura.
Céus!
O beijo de um Anjo é sem dúvida a coisa mais perfeita desse mundo!
Afasta-se e sorri pra mim.
Um sorriso inteiro, completo.
Sorrio bobamente, como sempre.
Quando, em meus mais loucos devaneios eu iria imaginar que aquele pianista que vi naquele sarau há tantas luas a trás iria, um dia, tomar para si minhas mãos, meus lábios, meu coração por inteiro? 
Jamais!
Só em meus sonhos mas...
Se isso for um sonho eu peço...
Por favor: não me acorde!
Não quero ser despertada desse encanto, feitiço, magia.
Quero enveredar-me por teu corpo, embriagar-me na curva dos teus lábios,  perder-me nos cachos dos teus cabelos...
Por Deus! Como é belo o meu amor.
Olhos claros como o mel, cabelos cacheados cor de chocolate, lábios rosados, curvos e cheios, corpo atlético, nem magro e nem forte, alto, doce, gentil, meigo, de voz de timbre baixo, única e perfeita para falar de amor, braços largos para comportar e acolher meu corpo pequeno no melhor abraço do mundo!
Agora, vendo-o assim de perto vejo como me enganei há tempos atrás, quando o analisei ao vê-lo pela primeira vez.
Julguei-o como frio, seco, sem emoção.
Hoje eu sei que era apenas tímido, sensível e incrivelmente doce.
Exatamente perfeito para o encaixe do meu coração!
Desde o começo...
Desde aquela primeira troca de olhares, tímidos e receosos algo em mim já dizia: seria amor.
Amor, muito amor!
Ele era perfeito pra mim.
Eu era perfeita pra ele.
Eramos perfeitos para navegarmos pelas ondas dessa melodia.
Ele é meu sol, meu mar, meu ponto de paz, a melhor canção de ninar para meus sonhos.

Meu amor.

Simplesmente meu amor.
Simplesmente meu.
Simplesmente amor!





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